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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

LÁ VAI MARIA E JOÃO

Lá vai Maria e João
Entre tal desarmonia.
Planeta Terra de areia
Escorrendo o tempo que havia,

Escorrendo lágrima ao Sol,
Escorrendo vidas à chuva,
Escorrendo a mente nas ruas,
Escorrendo gritos à Lua.

Lá vai Maria e João.
Um diz sim, outro diz não,
Um diz “tal”, o outro diz “mau”,
Um é circo, o outro é pão.

Rasgam aflitos jornais,
Desligam a televisão.
Eles deitam sob lençóis
E esquecem o que passou.

Lá vai Maria e João.
Outro dia veio a nascer.
Em algum hospital, ou não,
Como o dia, nasce um bebê.

E nas ruas os cidadãos
Passam entre carros e caos,
Passam entre coisas e caem
Entre muros como quintais.

Lá vai Maria e João,
Em silêncio, na negação
Do que vivem, sob opressão,
Entre pilhas de corpos ao chão.

Não aguentam a cor carmim
Que não surge da flor no jardim,
Não notaram sequer algo assim,
Mas caminham à beira do fim.

Lá vai Maria e João.
Um retrato, um quadro à vista,
Uma foto para revista
Sem passar por qualquer revisão.

Violência já não suportam,
Mas não sabem dar um trato.
Ninguém quer sangue em vão
Mas colocam sangue no prato.

Lá vai Maria e João,
Lá vai Josefa e José,
Lá vai um e um milhão,
Lá vai aquele e você.

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