Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

Visite também meu blog de textos: RESQUÍCIOS DEPRESSIVOS, SUJOS E NOJENTOS .
Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

SONETO A ELA

Um medo que não fere atinge o peito,
Sorriso ao medo surge acompanhado.
Sem nada resistir, sou apanhado.
À sorte da incerteza estou sujeito.

Qual fosse mais vital, menos defeito,
Aquilo que é incerto é declarado,
Assim como o que é certo está negado
E o mistério é dado por direito.

Mas eu sorri! A causa deste efeito,
Na linha entre o perfeito e o imperfeito,
Faz deste medo assombro contemplado.

Pois tu surgiste viva! E neste feito
Deixaste, além do medo e deste preito,
Um coração poético encantado.


quarta-feira, 29 de maio de 2013

FARTURA

Que falte a água que mata a sede,
Que falte à fome qualquer comida,
Mas não me falte, jamais me falte,
A poesia de cada dia!


Sem título, maio de 2013

Deitar sobre o verso,
Acordar sob a poesia.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O OMBRO DA LITERATURA

A Poesia me rendeu lembranças,
Rendeu-me o pranto antes sufocado,
Rendeu-me o lenço bordado de letras,
Rendeu-me o ombro da literatura.

A Poesia me rendeu a vida!
Rendeu-me morte seguida de morte,
Rendeu-me as vidas, infinitas vidas,
Que se seguiram quanto mais morria!

A Poesia me rendeu recanto,
Também abismo para minhas dores,
Também a cela de minhas prisões
E a liberdade de quebrar correntes.

A Poesia não se cala nunca!
Ouça c'os olhos este grito alto!

A Poesia me rendeu sorrisos,
Rendeu-me as asas que tenho na mente,
Rendeu-me o colo quando fui perdido,
Rendeu-me a paz presente em desesperos.

A Poesia me rendeu loucuras,
Rendeu-me a perda de qualquer juízo,
Rendeu-me a calma do que foi preciso,
Rendeu-me o mundo que existe em mim.

A Poesia me rendeu carinho,
Rendeu-me o amor de fato verdadeiro,
Rendeu-me o olhar além do mundo sujo,
Rendeu-me a própria Poesia viva!

A Poesia me rendeu p'ra sempre
E para sempre eu me rendi a ela!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

SONETO DO SORRISO ILUSTRE

Como alguém que orna a branca folha nua
E da virgem cor faz arte concebida,
Tu trouxeste alento à mente adoecida
Ao me colorir co'a fina arte tua!

Desenhaste um traço, raio de candura,
Na imensidão do vão destas feridas.
Encheste de belas luzes coloridas
Onde outrora havia apenas sombra escura.

Como pode haver em mim esta fissura
Que me tira o senso, o siso, a compostura,
Se tu inda és p'ra mim desconhecida?

É que desenhaste em mim alguma cura,
Tal que o pensamento, quando te procura,
Encontra nos lábios um sinal de vida.



quinta-feira, 9 de maio de 2013

POESIA NOJENTA

Na louça brilhando,
Na água, boiando,
Deixei uma parte de mim.

Em meio ao cagaço,
Caindo aos pedaços,
Deixei uma parte de mim.

Liberto das regras,
Saindo das pregas,
Deixei um pedaço de mim.

Sem nenhum apego,
Caindo do rego,
Deixei uma parte de mim.

Que bom que seria
Se, por ironia,
A vida também fosse assim:

A cada pedaço
Em que me desfaço,
Mais leve eu ficasse no fim!