Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

ELEGIA AO ANO NOVO

O ano passou.
Os dias passaram.
A vida passou.
E todos os dias são a repetição
Do último dia do ano,
Pois termina o dia,
Pois termina a hora,
Pois termina o minuto,
Pois termina o segundo.
O último e o primeiro dia do ano
São as repetições dos demais dias.
Nada de novo, 
Nada diverso,
Nada de fato
Inovando o resto.

Quem se renova? Fico pensando,
Será preciso passar um ano
Para que haja alguma vida?
A vida passou.
E todos os dias são a repetição
Do desperdício de quem aguarda,
De quem desiste,
De quem festeja a festa triste
Que só ilude,
Que só engana.
No novo ano, 
À sua cama,
Será o mesmo corpo cansado
Que se deitou no ano passado.
E você diz "que neste ano..."

Mas neste ano ainda há fome,
E neste ano ainda há ídolos,
Ainda há o despertador às cinco da manhã,
Há o pão duro na cesta do café da manhã,
Há a pressa no passo e o descompasso,
Há cores que ninguém nomeou
E há estrelas na cidade ofuscadas pela iluminação.
Há, inclusive, a escada rolando,
A bola rolando, a cabeça rolando...
E um calendário satírico trazendo esperanças.

Portanto, é espanto que os fogos no céu
Não digam nada sobre os fogos da terra,
Os fogos que se apagam dos olhos,
Os fogos que disparam das armas,
Os fogos que matam por dentro e por fora,
Os fogos que se acendem do álcool,
Estes fogos que nos desmatam
(Oh, nossa natureza tão frágil)!

Dirão que tudo sorrirá,
Por que então já não sorrir?
Quem definiu a hora exata, o momento?
E quem sorriu durante os meses,
Será que tudo foi traçado
Por mais um risco no calendário?
É mais macio pensar assim,
Que amanhã será o dia.
Que à manhã seremos inteiros.
Hoje é cedo, mas o ano passou.
Os dias passaram.
A vida passou.
E passa. E passa. E passa. E passa...



domingo, 29 de dezembro de 2013

SE A SENSAÇÃO DISPENSASSE OS VERSOS

Se a sensação dispensasse os versos,
Ah, se o sonho dispensasse a dor!
Mas acontece que sou poeta,
Mas acontece que tenho amor.

Se minha vida me dispensasse
De tudo aquilo que me matou...
Mas acontece que a vida é feita
De toda morte que se acabou.

Se a natureza do que eu sinto
Fosse regada com água e só...
Mas acontece que o pranto rega
E o pranto vem do que se fez pó.

E se o poema fosse só pranto,
Por que poeta eu devia ser?
Mas acontece que a poesia
É o sorriso no padecer!


domingo, 22 de dezembro de 2013

ESSE TAL DE ROCK

Mas é que esse tal de rock
Já virou patifaria!
Esse traje descolado
Que se compra em galeria,
Essa gente desbocada
Que se faz de revoltada
Só pra fingir rebeldia.

Com suas músicas pesadas,
Com seus riffs virtuosos,
Acima de outras culturas,
Acima de outros povos,
Reproduzem preconceito,
Mas isso não é direito,
Ignoram mundos novos.

A causa mais importante
É o show que é da pesada,
E os muito, muito machos
vão "catar" a mulherada
Para auto-afirmação
Da sua pose de machão,
Mas de espertos não têm nada.

Cuidado ao andar na rua,
Cuidado com o que veste,
Camiseta do Airon Meide
Pode usar só quem conhece
Quantos discos eles têm,
Quais os RG's também,
Se não sabe, não se mete!

Os roqueiros endoidados
Não se importam com você,
Pois estão mais preocupados
Com CD's e DVD's
Que precisam adquirir,
Se preocupam em conseguir
Companhia pra beber.

Lógico que tudo isso
Não é lei universal.
Há roqueiro que é "do bem",
Há roqueiro que é "do mal",
Mas a quem ao mal é dado
Deixo aqui o meu recado:
We will rock your fuckin' law!


sábado, 21 de dezembro de 2013

SERÁ QUE É O TREM QUE PASSOU?*

Amor é um trem
Passando por diversas estações,
Carregando e descarregando
Pessoas que passam,
Que passam...

Embarque com cuidado,
Desembarque pelo lado esquerdo do peito.



*Titulo em alusão à canção "Estrada Nova" de Oswaldo Montenegro