Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

CHARME

Não há em mim espaço tanto quanto
Neste infinito e eterno céu de estrelas,
Mas estes olhos que brilharam ao vê-la
Quiseram ser teu céu, infindo manto.

Assim meus olhos astros se fizeram,
Pois nada mais definiria o brilho
Que senti radiar sem empecilho,
E eu pensei assim que estrelas eram.

Equívoco este meu! Não poderia
Vir de meus olhos esta luz que havia,
Mas sim de ti, que és a estrela rara!

E meu olhar sem ti nada seria,
Tal como a Lua que não brilharia
Se não houvesse estrela a iluminá-la.



quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

SONETO FRIO

Minha poesia agora está mudada,
Nela já não cabe sentimentalismo.
Hei de assumir no verso o egoísmo
E toda frieza dele acompanhada.

Nesta poesia tão modificada
Não há de se achar romântico lirismo,
Pois da esperança o nome é cinismo
E a desilusão não vem ornamentada.

Eu tornei-me frio; e fria é a estrada.
Se o que me aguarda ao fim da caminhada
For a dura queda, a queda é empirismo.

Mas nesta frieza ora destacada,
Ao precipitar-me à queda malograda,
Estarei comigo ao despencar do abismo.



domingo, 12 de janeiro de 2014

CIDADÃO DE BEM, HUMANO DIREITO

Você que trabalha,
Que paga impostos,
Que não admite
Que haja um dos nossos,

Que entra em shoppings
Para fazer compras,
Que paga seus carros,
Que arca com as contas,

Você que dá duro
Na diretoria,
Que não se sujeita
A essa anarquia

Dos tais vagabundos,
Desses marginais
Que nunca batalham
Como você faz,

Você que é honesto,
Humano direito
Que respeita as leis,
Que não tem defeito,

Que aplaude bem alto
As autoridades
Que expulsam bandidos
De sua cidade,

Você que é ligado
Nos telejornais,
Que é informado,
Que sabe demais,

Que dá o seu voto
Em toda eleição
Para quem combate
A corrupção,

Você que é contra
A patifaria
Do povo imundo
Da periferia,

Você que é cansado
Dessa violência
Contra sua classe,
De toda indecência,

Você que é pudico,
Que é bom cristão,
Que cuida da vida
E da vida do irmão,

Que faz os seus planos
Pra ter mais conforto,
Pisando e pisando
Em cima dos outros,

Você que se acha
O bom cidadão,
Prepara que a vida
Não é fácil, não!

Pois de onde veio
Há desigualdade
Que só foi gerada
Por cumplicidade

De toda sua classe
Que é elitista,
E as classes mais baixas
Reclamam justiça,

Reclamam suas vidas,
Reclamam vingança!
A sua riqueza
Não compra esperança.