Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

terça-feira, 31 de março de 2015

SAUDADE ERRANTE

Saudade: ela aparece em nosso peito
- Ouvi dizer por este mundo afora -
Somente quando nosso pensamento
Nos traz feliz lembrança de outrora.

Porém, hoje a lembrança me castiga
E a tristeza é o que se revela.
Se eu levo essa dor que não mitiga,
Não sei por que sinto saudades dela!


segunda-feira, 30 de março de 2015

A VIDA ACORDOU

A vida acordou.
Ela percebeu que está acontecendo
E que não pode ficar dormindo
Enquanto passa.

Talvez eu seja a vida.


sexta-feira, 27 de março de 2015

SONETO PARA DAPHNE

O verso abriu espaço sabiamente,
O mesmo fez a estrofe emocionada.
E toda a poesia então versada
Estava a contemplar solenemente

Toda a beleza que ali brotava!
E o poema fez-se mais bonito.
E tudo que ali estava escrito
Como num passe mágico brilhava.

Mas se me perguntar como é possível
Que caiba tanto encanto – o que é incrível –
Em um simples soneto rabiscado,

Responderei que não me é espanto:
É porque verso todo o teu encanto;
E tudo que há teu nome é encantado!


terça-feira, 17 de março de 2015

POESIA GRITADA ÀS PAREDES

Eu te desejo. Além do que podia.
Eu te desejo muito tristemente.
Eu te desejo aos lábios novamente
E o teu corpo em minha poesia.

Eu te desejo em ato inconsequente
E contra o que a razão indicaria.
Desejo, contra minha alegria
E a favor da dor inconsciente.

Mas te desejo longe, pois eu sofro
Com teu desdém cruel que me entristece.
E meu desejo aumenta pouco a pouco.

Mas se a felicidade assim padece,
Por que meu coração não me obedece?
É só porque te quero como um louco!


sexta-feira, 13 de março de 2015

PEQUENA POESIA DOS OLHARES

Eu vi
Os seus olhos
Olharem
Pra mim.
Será
Que vi certo?
Será
Que é assim?
Ou será
Que apenas
Me retribuiu?
Mas vendo
Seus olhos,
Meu olhar
Sorriu.
Ou então
Eu penso
Que sonhei
Demais!
Se certo
Ou errado,
Meu olhar
Quer mais!

sábado, 7 de março de 2015

SER

Poeta, poetisa:
Nunca houve caminho certo.
Há poesia e há caminho.
O caminho nunca foi certo.

Degustará o pão mais amassado
Pelo diabo mais algoz.
Molhará o pão no café mais doce,
Mais quente, mais forte.
Pobre diabo, coitado!
Achou que o inferno seria o bastante.
Não sabia o que era ser poeta, ser poetisa.
Se soubesse, choraria
E nem sequer amassaria pão algum.

Mas ser poeta, ser poetisa,
É exatamente isso:
Fazer o diabo chorar,
Mastigar o pão amassado
E cuspir na cara do diabo.

Nunca houve caminho certo.
Tudo é dúvida, tudo é risco.
E todo risco é verso
Para o poeta, para a poetisa.
Caminho certo não vira poema.

Mas o poeta, a poetisa, sabem
- E sabem muito bem - que não há caminho errado
Para o qual valha retornar.
Há tanto caminho errado pela frente!
Há tanto verso pela frente!
Há tanta vida pela frente!

Poeta, poetisa:
Nunca houve caminho certo.
Há poesia e há caminho.
A poesia nos basta.


segunda-feira, 2 de março de 2015

PÁSSARO MORTO

Estou muito cansado deste fado!
Cansado do que a vida tem me feito,
Cansado de trazer dentro do peito
Qualquer estupidez de mau agrado.

Cansado de ceder-me por completo,
Cansado de mostrar meu sentimento,
Cansado de só ter o desalento
Como recebimento do que entrego.

Mas nada há de mudar em minha vida!
Quanto mais sinto, mais dói a ferida;
Quanto mais forte, mais desconsolado!

Já não espero ter nenhum conforto.
A esperança é um pássaro morto,
A minha sina é ser amargurado!


domingo, 1 de março de 2015

ABISMO

Em teus lábios um abismo.
Eu me jogo descuidado.
Minha queda logo veio:
Eu estou apaixonado!