Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

O PRIMEIRO PEDAÇO DO BOLO

Estou farto das poesias de hoje,
Das mensagens bonitinhas,
Desses versos de autoajuda.
Minha poesia é mais o caldo
Que sai do cu.
É a mistura visceral do que engoli,
Do que me fizeram engolir,
Do que me fiz engolir sem notar.
Eu não tenho mensagens positivas.
Talvez jamais as tenha escrito
Nesta inteira meia-vida
Ou nesta meia vida-inteira.
Meus versos agradam meia dúzia,
São ignorados por meio mundo,
Indiferentes ou meio à toa.
Eu escrevo para todos,
Mas não escrevo por ninguém.
Eu não atinjo quem precisa,
Se é que alguém precisa.
Somente eu preciso. E eu falho.
Eu falho, como sempre falhei.
E meus versos não corrigem nada!
Meus versos são testemunhas dos erros,
Das derrotas, das humilhações.
Meus versos me fazem mais torto.
Meus versos são todos tortos!
Estou fatigado desses versos moderninhos,
"Tudinho dará certinho",
Meu cuzinho, amigo! Meu cuzinho!
A poesia que respiro é real,
É verdadeira, dói, rasga,
É crua. A vida é crua
E só assa no fogo deste inferno.

sábado, 6 de outubro de 2018

VERSOS PARA A RESISTÊNCIA UNIFICADA

Não zombarão da minha luta,
Do meu suor por liberdade.
Não zombarão de quem nas ruas
Ousou sangrar por igualdade.

Não zombarão do meu trajeto,
Do meu legado libertário.
Não passará nenhum projeto
De um fascista autoritário.

Jamais darei qualquer respeito
A quem me quer ver torturado,
Jamais as mãos ao preconceito,
Jamais andar de braços dados.

A minha luta é por conquista,
Meu ideal é minha essência.
Não passarão, tolos fascistas!
A minha arma é a resistência!

domingo, 20 de maio de 2018

POESIA PÓSTUMA VI

A morte quando chega não avisa,
Silenciosamente ela se instala.
Não há sequer sinal a anunciá-la,
A morte quando vem nada ameniza.

Mas sorrateiramente se aproxima.
Ouviu-se um silêncio angustiante!
Por anos este vão se fez cortante,
Há tempos soa à morte toda rima.

E sem notar que ao tempo que corria
Alguma parte em mim já fenecia,
Continuei rimando a triste sorte.

Versando uma vivência sempre incerta,
Vivi para morrer como poeta,
Morri para versar a própria morte.

domingo, 4 de março de 2018

POESIA PÓSTUMA V

Já não havia nada.
Nem esperança, nem desilusão.
Já não havia nada que sustentasse a vida,
Aquela vida desgastada,
Aquele inútil fingimento de que uma hora,
Um minuto, um segundo, o riso viria.
Até veio. Veio inúmeras vezes.
Nunca de forma esperada.
Nunca de forma planejada.
A vida sempre foi mais desencontro.
E agora eu me desencontro da vida.
Já não há mais vida.
Nem esperança, nem desilusão.
Resta o resto de amarguras,
Restam meus restos largados,
Minhas histórias tornadas pó,
Minhas vivências inúteis...
Ah, se eu soubesse que seriam inúteis!
Jamais teria me doído tanto
A cada queda, a cada dor, a cada dia.
Já não há mais lamento.
Nem esperança, nem desilusão.
A vida sempre foi aquilo,
Nunca foi nada além daquilo,
Do vazio disfarçado,
Do vácuo camuflado,
Do vão. De tudo em vão.
A vida nunca foi boa.
Prossigo poesia ignorada.
Prossigo amargura anônima.
Prossigo futura descoberta de um gênio,
"Um gênio incompreendido"!
Genial! Palmas!
Palmas para a lucidez da obscuridade!
Palmas para a compreensão do caos!
Palmas, mais palmas!
Aplaudam o morto, o desgosto,
A perpétua terra onde não há paz!
Festejem o mundo em que estão!
Recolho-me na insignificância do que fui.
Hoje morto. Como todos vocês.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

UP TO

Na internet
Todo mundo é foda,
Todo mundo é pica,
Todo mundo é top,
Todo tech é força,
Todo post é berro,
Toda news é fonte,
Todo like é pop,
Todo fake é truth,
Toda treta é up,
Julgamento é hype,
Desabafo é fuck.
Compartilhe o ciclo,
Dissemine o vício,
Seja alguém na vida,
Ganhe seguidores!
Somos servos cegos,
Escravos dos egos,
Criadores próprios
Dos nossos senhores.



ELOGIO À BELEZA

Fico sem saber como te ser preciso
Ao reconhecer em ti tanta beleza
Feito luz que o tempo torna mais acesa
Para iluminar meus olhos se te avisto.

E quando te avisto mais beleza vejo,
Como se o limite nunca se alcançasse.
É como se o próprio tempo planejasse
Dar a quem te olha um tanto de desejo!

Por desconhecer como expressar o fato
E por não haver como ser mais exato,
Deixo a confissão vestir-se em poesia,

Pois não revelar teu brilho é desacato
À obrigação de quem deve ser grato
Ao te ver assim mais bela a cada dia!


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

SEU AMOR AONDE VOU

E se você me visse agora?
Se você me visse livre?
O que diria se me visse?
Quantos abraços me daria?
Quantas histórias contaria?
O que diria do que sou?

E se aquela poesia
Fosse mais que poesia,
Fosse a melhor semente?
E se meu pranto te regasse?
E se o verso despertasse
O que há anos acabou?

E se eu pudesse ter a chance
De dizer que eu te amo?
E se ouvisse os seus planos?
Se sua falta se acabasse,
Se para mim aparecesse
E eu te contasse como estou?

Ah, se você estivesse viva!
Se essa falta não houvesse,
Se a saudade se findasse...
Minha amiga, cara amiga!
Na distância ainda vive
Seu amor aonde vou.


domingo, 14 de janeiro de 2018

GIOVANNA

Quando te avisto não vejo mais nada,
Não há coisa alguma que tenha importância.
O resto do mundo não tem relevância,
Importa-me apenas te olhar, adorada!

Pois nada no mundo vale mais a pena
Do que admirar tua beleza encantada!
Assim os meus olhos encontram morada
Em teus belos traços, pousada serena.

Em tua figura não vejo um defeito,
Somente beleza me acertando o peito.
Por isso te olho tão apaixonado!

Se um dia disserem que nada é perfeito,
Jamais te mostraram o devido respeito,
Pois és Perfeição em seu pleno estado!